quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sessão dezesseis?

Se eu fosse RHYKA e PODEROZA, ia curtir minha fossa em um lugar bem glam, tipo a novela das oito, chorar champanhe e comprar cinquenta novos pares de sapato, mesmo que a minha índole, que uns chamam alma, de pobre transformasse os cinquenta pares em vinte all star, vinte melissas e dez havainas.

Então o meu DIZESPERO seria um iate daqueles ancorados em Sardegna, que mudam de cor à noite, que nem o do Armani, e as minhas amigas me consolariam com pérolas e um novo creme à base de fígado de unicórnio clonado de um sonho da Sasha, e então eu faria uma SENA com meu rosto rejuvenescido e colocaria um silicone de cristais e diminuiria meu nariz com o Pitanguy. Claro que eu não saberia escrever muito bem, mas escrever é tão LAST CENTURY, porque é claro que eu manjaria bem inglês, eu e a minha DOULEUR caminhando cheia de sacolas pela Champs-Elysées, reencontrando AMYGAS e passando no shoppingzinho que tem perto da Zara, para entrar no Starbucks e pedir um hot white chocolate.

Mas com meus cinco pilas, compro uma barra de Milka na Americanas, coloco Moulin Rouge no cartão, débito, doze pilas, putz, vai faltar até o fim do mês, sempre falta, penso em como nunca mais seria bolsista se meu professor pensasse que eu tirei um 6 chorado em processo civil, em uma prova que se o vento batesse em um potinho de nanquim e ele se derramasse pela prova, teria grandes chances de gabaritá-la (até porque não precisaria desvendar os desígnios estranhos do fraseamento super sensato, com uma coerência lógica das mais apuradas, de meu justo e sábio professor).

 Aí penso na Cruz Vermelha e em como quando eu falar de Direito Humanitário Internacional (olhos cintilam!) para um grupo não-ator nos breus do Congo, poder impugnar ou não o despacho saneador em prazo quadrúplo porque há um litisconsórcio unitário e necessário com a Fazenda Pública será tão inútil (se possível, ainda mais do que já é). Lembro também do meu joelho e de como eu sinto falta de correr, cross country, 8 a 10km por dia nos EUA, uns 5km por dia por aqui e agora, nada. Se caminho, dói. Se tá pra chover, dói. Morri em Belo Horizonte, a Afonso Pena e as lombas tranquilas, com uma padaria deliciosa, ou uma Igreja Universal, em sua extensão. Mas aí que talvez eu não possa ser da Cruz Vermelha sem essa maldita rótula, e a minha fossa ainda sai por cinco pilas nas Americanas.

O dia acaba, os livros me encaram e meu rosto é uma página em branco. Das menos promissoras, de crise de inspiração de escritor ruim, e sem creme de fígado de unicórnios do sonho da Sasha. Meu nariz ainda é grande e meus peitos, minúsculos. Acompanham a dimensão do cérebro, (acho que ele caiu em uma fenda sináptica e nunca mais se recuperou).

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