sábado, 28 de novembro de 2009

Sessão quinze.

Its satuday, eight in the morning. Where are you?

Studying the due process of law, of course!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sessão quatorze.

Onde é que foi parar a minha dedicação?

Página 19 do trabalho de contratos. Mais umas dez to go. Merda.

Se alguém falar em autonomia da vontade pra mim no próximo mês, vomito na hora.

Ah, sim, prova de comercial, e é claro que não tem nenhuma Lei das SA comentada na biblioteca,
ou nadateca, rs. Pudera, quem compraria uma Lei das SA comentada para a sua biblioteca? Quase melhor comprar Alencar, ou Machadão na sua fase romântica boring. Um diálogo entre Helena e Iracema seria mais divertido que essa maldita lei.

Mal tenho ação no meu cotidiano, quem dirá em bolsa. Quem dirá ações privilegiadas e aquele escambau de todas aquelas aulas que não assisti. Maldito twitter.

E depois vem constitucional, em que eu provavelmente vou rodar três vezes. Três vez. Sem plurais na aula.

Holy crap in a cracker, como diria a Penny. É, ao menos hoje BBT passa na Warner. ê.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sessão treze.

Como se bater no teclado e formar palavras desajeitadas pudesse alterar o que é só acaso. Tempo perdido é quando a gente esquece de dizer que ama, que somos grandes ostras gordas, e só algumas podem criar pérolas. As outras ficam machucadas pra sempre.

Queria a leveza das nuvens, que se juntam e vão embora e se chovem inteiras e ainda são. O carbono é tão solene. Se eu pudesse ser qualquer outra coisa, seria uma pequena gruta encravada nas montanhas da serra gaúcha. Resíduo da fé, da dominação cultural e do sotaque forte da Itália. Que vontade de experimentar todos os sotaques, beijar os sons com os lábios, tornar única a palavra cotidiana. Tenho tanto medo do que não vou ser. Guardo um pingo de coragem pro que serei.

Talvez seja uma lágrima.

Acaba, semana, acaba, por favor.

e ainda é segunda-feira.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sessão doze.

Podia passar os dias vendo Big Bang Theory e comendo uma grande barra de chocolate, metade normal, metade meio-amargo. Grande plano de vida. 

Inveja do meu gato, completamente espalhado no sofá vermelho-bordô, dormindo, sem uma semana de provas e trabalhos pela frente. 

Mas de felino em mim, só o sono mesmo. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sessão onze.

Às vezes faço coisas para não gritar, como contar essa história.
(Caio Fernando Abreu)

Parece que todo o avanço é espuma em alguns dias. Parece que espuma é só o que há, espuma fingindo a profundidade do mar. Quero me afogar e sobra-me areia sob os pés. Quantos textos já foram escritos sobre a espuma e o mar? Quantos desamores já foram vencidos com metáforas de mar e espuma? Sou péssima com a superação. Tanta gente se superando, superando os outros o tempo todo; eu, hipoando. Não superei os traumas da infância, todos os dias acho que qualquer outro espermatozóide teria feito trabalho melhor que eu.

Acho, de fato, que eu era um espermatozóide suicida: olhei aquela bolha e, desde lá não primando pela perspicácia, pensei que a colisão poria um fim à minha breve jornada. Mas a bolha cedeu e todos os outros espermatozóides, uns atléticos, outros lindos, uns geniais, quedaram-se pasmos, boquiabertos estariam, já tivessem uma fenda labial. O espermatozóide gordo e estúpido enfiado em um óvulo ainda mais gordo e estúpido. Desde lá, só faço ficar mais gorda e estúpida, o eterno retorno ao útero materno.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sessão dez.




(The Dream, 1978)

Chagall, poeta das cores. Tons pulsantes, o sol vermelho na noite parisiense. Posso passar horas olhando pra seus quadros, mesmo se só pela internet. Só o vi em Buenos Aires no original. Lindo. Mesmo. Queria muito ter essa habilidade de transformar o que eu sinto, o que eu nem sei que sinto, em algo belo. Duas guerras mundiais, uma revolução bolchevique e mesmo assim quadros de uma esperança que suplanta a paleta do artista, que tem uma força motora que não sei se já vi em alguma outra obra. Um pintor que não se ateve à nenhuma escola para que se ativesse a ele mesmo e à sua principiologia. Há algo fauvista, há algo simbólico na arte de Chagall. Mas, sobretudo, há Chagall na arte de Chagall, e isso é cada vez mais raro. 

Esse quadro, então, tem uma beleza tão ingênua, tão esplêndida. O artista que sonha o casamento, que sobrepaira a Cidade das Luzes, está acima de tudo, enquanto vislumbra seu sonho, estar com a pessoa amada, e a profusão de cores que isso evoca. Em um tempo de sentimentos fluidos e a necessidade de consumo, de objetos e de pessoas, é tranquilizante, é restaurador ver uma cena assim. Um homem, uma mulher, um sonho comum. Ninguém mais tem sonhos, oras, o certo é ter objetivos e uma meta cronológica objetiva de como alcançá-los. Mas não para o casal. Não para o pintor deitado sob o céu de Paris, sonhando, sonhando simples e puramente, quase um pecado pós-contemporâneo. 

Paris entardece mais colorida porque ainda existe o que ser sonhado. Se a figura do sonhador, hoje, abre espaço para a do career-headed, o sonho ainda abre espaço pro impossível, que é a pós-graduação do "objetivo-a-ser-alcançado-em-dez-anos-com-margem-de-erro-de-dois-anos-para-mais-ou-para-menos". Não sei se desaprendi o suficiente para poder sonhar, mas olho pra Chagall e sei que existe algo maior que qualquer plano de carreira, algo que não se traça no papel, que se entrelaça nos olhos e é vivo mais porque é sentido do que descrito. Uma pintura de um sonho que é mais poderoso que as tantas vidas de papel em que me despejo, e volto a ser mais retina que currículo, mais grito que idioma. 

Chagall mistura versos e cores na sua paleta, pincela emoções como quem mexe a sopa. Transborda, mas não se rende à pressa da colher. O infinito é um sonho que adormeceu.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sessão nove.

Só sei ser feliz no passado. Aprendi cedo a cultivar histórias, mais que as viver. Talvez seja a mesma coisa. Ser feliz no ontem estático, ser feliz no hoje fluido. Sempre tinha uma história pra cada coisa que me acontecia na vida. Se eu tropeçava, a menina um dia se distraiu e tropeçou; se eu estava com fome, era uma vez um tigre que aproveitou a hora em que lhe traziam comida para escapar e voltar pra selva. Tinha mais timidez que imaginação aos sete anos, não me culpem pela falta de originalidade. Minha vida é meu tema predileto. Sempre guardei na boca tudo que me interessa dizer. Sou náufraga da minha saliva. 

Quero que me adivinhem por inteiro, mas sou só beiradas quando falo. Sou só beiradas quando sorrio. No meio do caminho, espero encontrar minhas próprias pegadas. Mas nunca estou onde me espero. Acho que nas sarjetas é que nasceu o assobio. O vento atrasado a gente chama de céu, depois do vinho vejo nuvens em desenhos. Minha palma da mão mostra mais passados que futuros. As linhas do rosto me dizem que vou ter uma vida rabiscada. Seria mais calma se escrevesse em arabescos, não desperdiçaria tanto o que sinto no que não sei dizer. 

Acho que os gatos não dormiriam tanto se tivessem uma vida só. Ou talvez vivam mais de tanto dormir. Talvez até sonhem. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sessão oito.

Chorar rindo, aprendi contigo.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sessão sete.

Os dias de chuva não são os piores, nem os mais doídos. Na chuva a gente se apertava bem forte e se escrevia bobagens nos vidros, todas as bobagens possíveis, todas as palavras na ponta dos dedos, os corações meio abobados, meu L entrelaçado no J dele. Gestos, filmes, seriados, a cama era o nosso parque de domingo nos dias de chuva. Caminhávamos pelos nossos corpos, familiares e enérgicos. Comíamos um da mão do outro, alimentávamos os pássaros dos nossos sorrisos com as migalhas de intimidade que iam caindo dos bolsos das nossas vozes. Eram fáceis os dias de chuva com ele, e ainda são fáceis os dias de chuva sem ele. Porque aí não dói lembrar. É só uma tristeza doce, a tristeza de quem sabe que teve algo muito muito valioso um dia, e que isso é tão raro que o ter tido importa muito mais que não o ter mais. Nunca brigamos nos dias de chuva. Nunca houve nada daquilo que houve tanto nos dias comuns, nos dias de sol, nas noites frias, nas noites quentes. Na chuva éramos cúmplices. Na chuva a gente se abraçava pra caber no mesmo guarda-chuva, a proximidade a gente inventava que era mais proteção que conforto. Na chuva era fácil não sair de casa, era fácil pular as poças de mãos-dadas e fingir danças entre os paralelepípedos. Uma comédia, uma fatia de bolo, uma fatia de tempo que era só nosso. O tempo que ninguém mais queria, o tempo de que todos reclamavam e que a gente reivindicava só pra nós. As nuvens escuras davam mais privacidade pros nossos beijos, e era tão fácil ser feliz na chuva. E hoje ainda é, porque hoje eu penso em como um dia foi tão fácil ser feliz na chuva, que fico sendo feliz de novo só por ter podido ser tão feliz em dias de chuva.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sessão seis.

Quero morrer, bem rápido, uma facada, um tiro, done. Não que eu vá me matar, que suicídio dá muito trabalho, a carta, a faca. Que faca, que nada. Me mataria com heroína. Um sono só. Um bom sono e fim, nada de sufocar, de esvair sangue, de encher os pulmões de água. Mas não sou dessa geração junkie bitch aí, não saberia onde encontrar heroína. Verdade. Maconha uma ou duas vezes, ano de cursinho, não sabia o que fazer da vida e muito menos o que não fazer. Mas passou. Sempre preferi o mais cômodo. E o mais cômodo é continuar vivendo. Uns choros, umas esperanças estupradas, uns ocasos, uns acasos, umas histórias bonitas e pronto, a vida vai se arrastando. Ontem no meu malfadado assalto, a única coisa que me meteu medo foi terem pegado meu computador, este aqui onde escrevo, onde toda a minha vida acadêmica (uns poucos MB, nada inteligente, nada surpreendente, nada bom) seria perdida e muito provavelmente trocada por duas pedras de crak. Me assustei pensando que provavelmente não valia muito mais que isso mesmo. Mas se ele realmente tivesse algo embaixo da camisa, grande coisa. Eu ando com uma faquinha de serra na mochila, porque o hold  do meu ipod estragou, e agora tá sempre sempre on, a menos que eu enfie a faquinha e fique horas tentando achar o lugar certo pra desativar o hold por segundos, só até selecionar brani casuali , porque deixo o ipod em italiano porque nunca mais falei italiano por aí, e é uma merda esquecer quatro anos de noites de aula de italiano só porque não tenho com quem praticar, e florença é tão linda, devia ser proibido não conhecer a língua de uma cidade tão linda. Dizem que Veneza, é, eu sei, mas Veneza não deu tempo de eu conhecer. Mas aí que eu tinha uma faquinha de serra, mas foi um assalto, ou quase-assalto tão bobo que nem deu tempo de pensar em usar a faca, bastou ir caminhando pro outro lado.

Queria que tudo na vida fosse assim tão simples como a escapar do meu assalto idiota: caminhar pro outro lado, mesmo que a rua esteja vazia, pô, logo na reitoria às onze da manhã. Mas às vezes não dá. Não dá pra caminhar pro outro lado e deixar o assaltante, o destino, a sorte, o que for meio desnorteado com a tua reação que na verdade é uma não-reação, uma negação assertiva, uma vontade enorme de não caminhar mais pra lugar algum. Queria nunca querer voltar atrás, onde assaltantes e faquinhas de serra me aguardam, mas o querer do cérebro e o querer do corpo são tão diferentes. O querer da memória mente que a faca podia ser uma colher, que a arma podia ser só um jeito diferente de luz. O querer do corpo quer o contato, o contato que eu não posso mais senão. Vocês sabem, agora eu choro se encostam um pouco mais em mim. Ainda choro se me abraçam. Confesso. Primeiro porque eu desaprendi; puf. Fico ali rígida entre os braços do abraçante e não sei mais como reagir, como fechar os braços, como pressionar, como abraçar alguém e não lembrar daqueles abraços apertados, abraços estranhos, abraços constantes, abraços e carinhos e afagos que ninguém pode tirar de mim, mas que eu não sei mais reproduzir, e acho que nunca vou.

Não tenho mais nada do que eu era, e o que eu era há mais tempo eu nem lembro mais, e agora eu fico pendendo em braços, sem saber como abraçar de volta, não consigo mais brincar ou sorrir sem uma amargura ou uma ansiedade viral, olhos vidrados e um riso maquinal, terrível, doentio. Impossível alguém me aguentar por mais de cinco minutos nos dias de hoje, eu sei. Não sei de mais nada. Não sei mais como ser o elo passivo de um assalto, me recuso a entrar no jogo. Caminho pro outro lado quando der, e se não der, se não der eu fico parada, imaginando que talvez fosse possível andar pra trás, que os retrocessos são avanços temporãs. Mas não falo mais nada. Fico quieta e tento escutar algo que faça sentido. Mas aí é que o coração bate acima de todos os sons, de todos os conselhos e sensatezes, e não ouço nada senão aquele ritmo doentio dizendo que as coisas da terra a gente resolve com as unhas sujas, não com o terno totalitário da razão.

Vou ver a peça da Clarice Lispector. Aquele sotaque é tão lindo que dói. Aquela escrita é tão linda que dói.
Beijos, analista hipotético. Me condena logo à loucura pra eu ter mais certezas.