terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sessão dois e meio.

Às vezes a vontade é ficar num canto escondida de todo mundo,
de todas as perguntas "e ele? nunca mais se falaram? O que que houve, afinal?"
 e aí ter de explicar de novo de novo de novo, é, ele acabou comigo pelo
telefone, não, não sei porquê. Às vezes invento porquês pra me sentir
um pouco consolada, sabe, como se o fato de existir um motivo real
pra ele ter ido embora tornasse as coisas um pouco mais justas.

E aí o olhar de pena, e eu viro o copo e digo que estou bem,
bem melhor assim, imagina se durasse mais, ele acabaria
comigo por twitter, sempre digo rindo, mas agora, sabe,
tô tentando ir pra França, é, Savoie, ano que vem,
sim, viajar de novo, é minha resposta pra quando eu não sei
lidar com o que sinto, mas isso eu não digo, eu só sorrio
demonstrando minha enorme felicidade revigorada,
jovem-solteira-com-a-vida-inteira-pela-frente,
coloca um cabresto e fixa nisso, como se fosse possível.

Entro no orkut e vejo as atualizações. Ele aparece
tentando lamber os peitos de uma guria, bebendo
cerveja no meio da tarde. Penso em Savoie, nos
alpes franceses, no clima frio, me lembro de Genebra
e como é triste que os maiores prédios sejam todos de bancos,
que todo lugar é assim, mas em Genebra me doeu mais,
acho que por causa da proximidade imediata com a ONU e com
a Cruz Vermelha.

Mas se eu tento pensar o que eu esperava encontrar naqueles prédios,
não tenho resposta. Foi mais ou menos isso que aconteceu.

Sempre vai me doer. Mas se me perguntarem o que
eu esperava achar ali, não sei a resposta.

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