terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sessão II:

Pra lá deste quintal, era uma noite que não tem mais fim.
E então eu vou embora e penso que nem devo pensar naquele cara lá, charme barato, eu mais barata ainda, um beijo na bochecha, toque de mãos na garrafa de cerveja, tudo que existiu. Tudo que poderia existir, e agora boa-noite, quarto, cama de casal, vida de solteira.

Mas penso. Tolice pura. Todas as histórias de amor são tolas, ou quase isso, cartas, histórias, tudo ficção e aneurismas mentais. Então eu saio à noite e penso que não existe, não existe nada daquilo. E aí fico com mais alguém, com mais ninguém, vestido curto e seletividade menor ainda. Se nada existe, é só consumação mesmo, e quero me acabar o quanto antes.

Mas, aí lembro do Caio F., falando "sim, eu estive lá, naquele terreno. Ele existe." Mas o Caio era uma bicha dessas que acreditam até na palma da mão, pai-de-santo, horóscopo, estrelas, destino, comunismo.

Como não acreditaria logo no maior entorpecente humano? E então é deixa pra lá, não existe mesmo, vai cuidar do teu lattes, vai dançar bêbada em algum canto da cidade que tudo isso passa. Mais um shot de tequila, sal, limão, todo o ritual.

E ainda assim, depois da noite, da vodca, dos drinques, das cervejas, das salivas, das conversas, das dores, dos cheiros, um gosto teima em continuar na boca. Meio amargo, meio amargurado, acho que é o formato novo do meu sorriso falso.

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